A Alupar disse nesta segunda-feira, 18 de maio, que pretende avaliar as UHEs que o governo colocará em leilão em setembro e que estão no grupo daquelas centrais que não foram renovadas de acordo com a lei 12.783/2013. A empresa não participou do único leilão realizado nessa modalidade até o momento, o da UHE Três Irmãos (SP, 807,5 MW), porque à época havia uma série de dúvidas quanto às condições que os operadores teriam e que ainda não estavam resolvidas.

“Não estava claro, por exemplo, como é que ficariam os riscos ambientais, eu como operador é que não poderia ter. A questão da remuneração de novos investimentos também não estava clara e gerava dúvidas, por isso que não entramos. Se você está operando uma usina e dá um problema em um determinado componente relevante e que tenhamos que trocar, esse ponto não se sabia como é que ficaria coberto no contrato de O&M”, afirmou José Luiz de Godoy Pereira, diretor de Relações com Investidores da Alupar em teleconferência com analistas e investidores sobre os resultados do primeiro trimestre de 2015.
O executivo disse ainda que a empresa espera receber o licenciamento ambiental para, finalmente, após três anos, começar a obra da linha de transmissão da TNE, responsável pela conexão de Boa Vista (RR) ao Sistema Interligado Nacional. Segundo ele, há uma luta grande com relação a esse licenciamento, inclusive, com o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica, André Pepitone da Nóbrega, defendendo o reequilíbrio do contrato em função do tempo que já transcorrido e sem o licenciamento para o ativo. Essa discussão, disse Godoy, passa pela necessidade de sensibilização da Funai quanto à importância do empreendimento, uma vez que o próprio Ibama já disse que o traçado é o único para essa linha, pois corre à margem de uma rodovia. Qualquer alternativa, disse ele, levaria ao desmatamento de uma grande porção de mata naquela região.
“Nossa expectativa é de que isso caminhe até o final do ano. Agora, nós temos uma posição muito franca ou sai [o licenciamento ambiental] ou a gente também desiste. Precisamos dessa definição”, afirmou o executivo.
Outra preocupação é a questão do financiamento do BNDES para o empreendimento que hoje está diferente do que foi praticado à época do leilão. Dentre as alternativas é a manutenção das condições do financiamento ou se recalcula o wacc com as condições de capex que foram atualizadas desde então. O executivo disse acreditar ainda que a mudança não seja válida para o ativo em referência, mantendo-se as condições de financiamento divulgadas naquele período, pois a tarifa já havia sido calculada com um cenário diferente.
A linha de transmissão foi arrematada no leilão 004/2011 pela Alupar (51%) e Eletronorte (49%) por meio da TNE que é a responsável por conectar Boa Vista ao Sistema Interligado Nacional. O empreendimento tem previsão de ter 715 km de extensão em 500 kV em circuito duplo. A capital do estado de Roraima será a última a ser interligada ao SIN.