A operação Lava Jato pode ter seus impactos sobre o ritmo de obras da usina nucelar Angra 3 (RJ, 1.450 MW). A Eletronuclear considera a citação de empresas dos dois consórcios que saíram vencedores do processo de licitação da montagem eletromecânica como um fator de incerteza para as obras. Contudo, até o momento, a previsão de operação comercial para 2018 está mantida.

Segundo o diretor de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente da empresa, Leonam dos Santos Guimarães, o prazo de operação continua e não se pode afirmar que as obras poderão atrasar novamente. “Não dá para fazer previsão porque são fatores que não podem ser controlados por nós”, afirmou ele, após um workshop sobre energia nuclear realizado na sede da Fiesp, em São Paulo.
A Eletronuclear ainda está em busca de uma solução para o equacionamento financeiro para a central termonuclear em construção que está em fase de reestruturação junto à Caixa Econômica Federal. Segundo ele, a previsão é de que essa questão do problema do financiamento deva ser resolvida em breve. “Acreditamos que num curto prazo se resolva. Era para esse assunto ter sido resolvido ontem [terça-feira], mas ainda não tive notícias mas espero que já tenha sido resolvido”, disse ele.
Em decorrência dessa necessidade de reestruturação do financiamento para a construção da usina, disse o diretor da Eletronuclear, as obras estão em um ritmo mais lento. Esses recursos seriam utilizados para pagar a obra e os equipamentos para essa fase da usina que é estimado em mais de R$ 3 bilhões.
Guimarães disse que a empresa não tem conhecimento de como o governo deverá colocar as 15 usinas citadas pelo Ministro de Minas e Energia para 2050. A empresa fez um estudo no qual apontou a existência de 44 locais adequados para se instalar novas usinas termelétricas nucleares em todo o território nacional, à exceção do Acre e Rio Grande do Norte. Esses sites, disse ele, foram apontados pelo critério técnico e são possíveis de abrigar as futuras novas centrais.
Em sua apresentação, Leonam disse que o maior problema da energia elétrica gerada a partir de a fonte nuclear é a desconfiança da população. Segundo sua avaliação, o Brasil precisaria de algo entre 7 GW e 10 GW de geração térmica de base, mas ainda falta esse convencimento das pessoas para ver o benefício da fonte. Excluindo esse contexto, avaliou, a energia nuclear poderia ser um agente de destaque, assim como o gás natural e a térmica a carvão, que são as melhores fontes para operar dessa forma. Para o diretor da Eletronuclear, nenhuma dessas três fontes poderia ficar de fora da expansão da geração do país por agregar segurança ao sistema.