Foi durante uma visita técnica dos representantes permanentes frente às organizações internacionais às instalações nucleares russas, em São Petersburgo, durante os dias 13 a 17 de julho, que o embaixador e representante permanente do Brasil na Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Marcel Biato, afirmou que o país está interessado em uma usina nuclear flutuante, um projeto original da corporação estatal russa Rosatom.

“O Brasil tem muitos dos mesmos problemas logísticos que a Rússia. Temos distâncias muito grandes e áreas pouco povoadas, o que significa que existem dificuldades para fornecer energia e assegurar o desenvolvimento de algumas regiões. Portanto, a ideia de ter um sistema capaz de transportar energia de maneira eficiente a áreas remotas do país chamou a nossa atenção”, explicou Biato, ao comentar a utilidade das usinas nucleares flutuantes para o Brasil. Além disso, o diplomata agradeceu a oportunidade de conhecer mais sobre as tecnologias russas nesta área, uma vez que a Rússia é um dos líderes mundiais em energia nuclear.

As embarcações do projeto na Rússia serão equipadas com dois reatores modificados de propulsão naval KLT-40, capazes de produzir até 70 MW de eletricidade e 50 MMkcal de calor por hora, o suficiente para manter as atividades de uma cidade com uma população de até 100.000 pessoas.

O empreendimento será utilizado em áreas remotas da Rússia, como o extremo norte e o extremo oriente do país, que não são cobertas pelo sistema elétrico e carecem de fontes de energia confiáveis e economicamente eficientes. Uma usina nuclear flutuante pode ser usada também como uma planta de dessalinização, capaz de produzir até 100.000 metros cúbicos de água doce todos os dias.