Concorrendo em um mercado que vem crescendo a cada ano, a Engie Solar quer em 2019 dobrar a sua participação em 2019. O presidente da empresa, Rodrigo Kimura, aposta em um foco cada vez maior para as negociações Business to Business [de uma empresa para outra empresa], em especial os pequenos comércios e indústrias, além do agronegócio. “O mercado da GD encontra-se em plena expansão. Estamos buscando um aumento significativo na nossa participação”, explica. Desde 2016, ela já instalou cerca de 45 MW.

O agronegócio tem aparecido como forte nicho de oportunidades. Segundo Kimura, após a Engie Solar ter aberto um escritório em Goiás para atender o Centro-Oeste, ela tem visto em aviários e produtores com sistemas de irrigação de maior porte exemplos de potenciais clientes. Nesse segmento, a GD já é viável economicamente e possui linhas de crédito atrativas. A queda dos preços dos equipamentos também tem facilitado a adesão. Ainda segundo Kimura, o fato de muitas propriedades estarem em pontos de difícil acesso para a distribuição de energia acaba por fomentar a GD no setor rural. “Conseguimos achar uma receita que fique bom em termos de economia do produtor rural e melhorando a qualidade de energia”, avisa.

Os clientes residenciais, que são 30% do faturamento da Engie Solar, não estão fora dos planos da empresa. Porém, a pulverização no mercado nessa classe fez com que houvesse um foco maior para o segmento B2B. Entre a regiões, a Sudeste lidera nos pedidos da empresa. No ano passado, a empresa fez uma investida na região Sul com o Programa Indústria Solar, que em parceria com a WEG, oferece sistemas de GD para o segmento com condições de financiamento facilitadas. Em 2019, a empresa promete uma atenção maior no Nordeste, embalado pelas condições naturais que a região oferece.

A crise econômica acabou por trazer um efeito benéfico para o mercado de Geração Distribuída no país, uma vez que empresas se viram obrigadas a procurar soluções para reduzir seus custos com energia. “[A GD] é uma forma de economizar no processo de produção, no insumo de energia. Não houve impacto, houve crescimento nas vendas”, revela.

O executivo estima que existam mais de sete mil empresas no mercado de GD fotovoltaica operando no Brasil. Para se diferenciar, Kimura aposta na força do grupo Engie, que por estar em 70 países consegue oferecer custos mais otimizados e um elevado controle de qualidade dos equipamentos. A empresa tem um escritório na China onde acompanha essa parte. “Não adianta dar as costas para a qualidade porque vai ter problemas no futuro, são ativos de pelo menos 25 anos de duração”, adverte, Outro ponto que ele cita como diferencial é o financiamento do sistema, em que ela pode até fazer o investimento no ativo.

Ele lembra que a Engie Solar tem um produto em que não é necessário o cliente fazer o investimento de compra no sistema, ficando por conta da empresa. Por meio de contratos de 10 a 15 anos, o consumidor paga uma espécie de aluguel pela locação dos equipamentos. Em Minas Gerais, o ‘Comunidade Solar’ é o serviço de assinatura da empresa. Através de uma usina de 2,6 MWp,  os clientes podem ter economia mensal de 10% ou 15% na conta de energia, dependendo do tipo de contrato assinado. Voltado para pequenas comércios e  indústrias, o cliente ainda vai ter um aplicativo para acompanhar a geração da sua cota e a gestão de consumo.

A revisão da resolução 482 da Agência Nacional de Energia Elétrica preocupa Kimura. Para ele, possíveis alternativas que estão sendo apresentadas podem representar retrocessos ao invés de avanços. Ele dá como exemplo o desconto do crédito eliminando o fio B. Hoje, o cliente que injeta energia na rede tem um crédito de 100% nessa energia. Na alternativa proposta, ele injeta a energia e tem um desconto na tarifa  que traz redução de cerca de 30% no crédito. O presidente da Engie Solar pede esse formato apenas no futuro, uma vez que como a GD ainda tem baixa penetração no Brasil. “Criar barreira nesse momento não vai ao encontro do objetivo da atualização da resolução, que são melhorias para o sistema”, aponta.

Ele acredita que com a contribuição de associações e agentes seja possível um denominador comum. Kimura sugere que as mudanças não sejam feitas agora e que fiquem apenas para um momento posterior em que a GD já estivesse consolidada. “Eu manteria as regras atuais por mais alguns anos até que a gente experimente uma queda de custo nos equipamentos e essas mudanças sejam compensadas e que tenha um crescimento orgânico da tecnologia”, observa.