O Brasil precisará adicionar mais 20 GW em capacidade instalada apenas para atender a demanda gerada pela mobilidade elétrica nos próximos 12 anos, disse Mário Araripe, presidente da Casa dos Ventos, durante sua participação na 10ª edição do Brazil Windpower, nesta terça-feira, 28 de maio, em São Paulo. Um dos pioneiros da energia eólica no Brasil, Araripe acredita que o futuro da matriz elétrica será energia composta pelas fontes eólicas e solares e sistemas de armazenamento com baterias.

No entanto, para o presidente da consultoria Camargo Schubert, Odilon Camargo, as tecnologias de baterias ainda não estão maduras para permitir um crescimento acelerado da mobilidade elétrica no Brasil. Ele destacou a vida útil curta e o alto custo de substituição das baterias. A infraestrutura brasileira também precisaria avançar muito para fornecer uma oferta de postos de abastecimento para os carros elétricos assim como temos para veículos a combustível. Além disso, a matriz elétrica brasileira ainda usa combustíveis fósseis para geração de energia e uma frota de veículos elétricos pode aumentar o uso de fontes poluentes.

Também presente no evento, Bento Koike, fundador da fabricante de pás Tecsis, descordou de Odilon e disse que tem vistos muitos avanços no setor de baterias que podem superar essas dificuldades em um espaço curto de tempo.

PONTOS DE ATENÇÃO
Araripe também falou que a regulação e a transmissão são pontos que precisam de atenção por parte do mercado eólico. O potencial eólico está no Nordeste e o principal centro de consumo é no Sudeste, o que deve demandar uma expansão da infraestrutura de transmissão para permitir a construção de novos projetos eólicos e escoar a energia produzida.

Para ele, o gargalo da expansão da matriz em caso de crescimento econômico do Brasil estará na transmissão. “Se quiser fazer um hedge para esse crescimento, é preciso iniciar a expansão da transmissão logo”, acrescentou o presidente da Casa dos Ventos. Araripe também falou que no curto e médio prazo, não acredita no desenvolvimento do mercado de eólicas no mar (offshore). “Você não precisa ir para o mar para ter um vento tão bom”, disse.

O Brazil Windpower é realizado pela Informa Markets| CanalEnergia em uma parceria com a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) e o Conselho Global de Energia Eólica (GWEC) e vai até a próxima quinta-feira, 30 de maio.