O Brasil precisa rever a cultura de construir redes aéreas para transmissão e distribuição de energia elétrica. Segundo Fernando Otero Coelho, diretor de alta voltagem para a América Latina do grupo Prysmian, fabricante mundial de cabos e sistemas para energia elétrica e telecomunicações, existe quase um mito de que o custo de redes subterrâneas é muito maior do que o custo da rede aérea, o que não é mais verdade nos dias atuais. “O mercado mudou e os custos caíram muito. Aquela máxima de que era muito caro e que custava 20 vezes mais, não é mais verdadeira”, afirmou o executivo nesta quarta-feira, 10 de julho.

Coelho contou que o mercado para cabos de energia na América Latina tem crescido muito, principalmente em países como México e Argentina, muito em função do aterramento das redes nesses país. No Brasil, no entanto, as redes subterrâneas são pouco utilizadas, apenas quando não há outra alternativa. Em grandes metrópoles como São Paulo, não há mais possibilidade de instalar redes aéreas, principalmente por conta do custo de desapropriação dos terrenos por onde passam as linhas.

“Em países como Argentina e México, as regras exigem que eles façam mais linhas enterradas do que aéreas. Esse movimento é muito por conta da regulação do mercado que fizeram”, explicou o executivo, que garante que nos últimos anos os custos das redes subterrâneas caíram pela metade. “O mercado evoluiu nos últimos anos. Os materiais mudaram, a tecnologia de construção mudou. Então o custo caiu muito nos últimos anos. Caiu pela metade, quando se olha o pacote inteiro”.

A Prysmian fez a engenharia e forneceu 100 quilômetros de cabos subterrâneos em 345 kV para um projeto conectando as subestações Piratininga e Bandeirantes, em São Paulo. É o maior projeto subterrâneo em alta tensão no Brasil. Foram construídos 400 metros de túnel atravessando dois rios.

Nesta quarta-feira, o Grupo Prysmian inaugurou a sua nova sede para a América Latina. Localizada na cidade de Sorocaba, no interior de São Paulo, a empresa investiu US$ 43 milhões na unidade, criando 250 empregos na região. O evento contou com as presenças do CEO Global Valerio Battisa e do CEO da América Latina Juan Magollon. Battista disse que acompanha as turbulências políticas e econômicas do Brasil. Porém, afirmou que está confortável em seguir investindo no país e quer ajudar a construir a infraestrutura local.

A cidade de Sorocaba foi escolhida para ser o Headquarter da Prysmian na América Latina porque oferece recursos humanos e tem uma posição estratégica para a distribuição dos produtos. Segundo Battista, os brasileiros são boas pessoas, talentosas e habilidosas.

Em 2018, o Brasil contribuiu com um faturamento de R$ 1,9 bilhão. O segmento de energia responde por 60% das receitas do grupo, o restante vem do segmento de telecomunicações, informou Marcelo de Paola, CFO para América Latina.

Renováveis

De acordo com João Carro Aderaldo, diretor de Operações da Prysmian no Brasil, o mercado de geração de energia renovável também tem crescido bastante, com alguns investimentos acontecendo independentes de leilões promovidos pelo governo. “O mercado de energia segue crescendo no Brasil e a gente vê bons volumes e bons resultados tanto na geração e como na transmissão. A gente acredita que nos próximos anos essa tendência deve seguir”, disse. “Estamos nos preparando para investir em produtos melhores nesse novo clico de desenvolvimento que vem pela frente”, completou.