A severidade hídrica que o país tem passado nos últimos meses ganhou um número, 54% da média de longo termo considerando os últimos 4 meses. De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico, esse é o pior índice para o período em um histórico de 90 anos. Esse levantamento contempla os volumes acumulados até o dia 20 de dezembro e foram apresentados no primeiro dia da reunião do Programa Mensal de Operação para o mês de janeiro e que traz também os dados esperados para o fechamento de 2020.

Desde setembro, reportou o ONS, o volume menos pressionado nesse último quadrimestre foi em setembro com 59% da MLT no Sistema Interligado Nacional, representando o quarto pior do histórico que data desde 1931. No bimestre outubro e novembro os volumes foram os piores para os meses sendo 43% e 58% da média, respectivamente. Em dezembro está como o segundo pior com 57% da MLT, dados também até o dia 20, último domingo.

Para o maior submercado do país em termos de armazenamento e de consumo, o Sudeste/Centro-Oeste, o quadrimestre apresenta o pior outubro do histórico e os dois segundos piores meses para os 90 anos. Dos quatro submercados do país, apenas o Sul, agora em dezembro, que apresenta condição hidrológica mensal menos pressionada, o 41° melhor mês desse horizonte de tempo. Todos os outros meses nos submercados registraram volumes que estão classificados como ruins.

De acordo com o ONS, a situação traz preocupação e o resultado das chuvas na região amazônica terão um efeito importante para o SE/CO. Como por lá as usinas são a fio d’água elas têm um papel fundamental na geração nesse período para que os grandes reservatórios possam se recuperar no maior submercado do país e assim ter capacidade de enfrentar o próximo período seco. Em termos de armazenamento, apenas no Nordeste é que a acumulação nos reservatórios está mais elevada do que nesse mesmo período de 2019.

A expectativa do ONS é de que no Norte haja a recuperação dos níveis observados. A sazonalidade, destacou o órgão em sua reunião mensal, indica esse comportamento. Há a possibilidade de que a segunda fase da UHE Tucuruí (PA, 8.340 MW) seja religada com a elevação do reservatório desta que é a terceira maior hidrelétrico no país, sendo a segunda maior totalmente brasileira.

Carga

A estimativa do operador para a carga no primeiro bimestre de 2021 é de um crescimento expressivo quando comparado a 2020. Essa estimativa se deve por conta do aumento das temperaturas no próximo período ante o registrado no início deste ano. Os índices esperados são de aumentos de 3,9% e de 2,4% em janeiro e fevereiro, respectivamente. No SE/CO esses índices são de 3,9% e de 3,2%.

No geral, o ONS adotou a previsão de carga que foi divulgada no início de dezembro, que prevê uma queda de 1,5% da demanda em 2020. Para dezembro é estimado uma aceleração da carga em 7% ante 2019, esse indicador elevado decorre da combinação entre a data da semana em que ocorreram Natal e Ano Novo, que reduziram o número de dias úteis e a temperatura mais baixa em 2019 ante este ano. Para 2021, o ONS trabalha com a perspectiva de aumento de 3,6%.

A PSR ressaltou na mais recente edição de sua publicação Energy Report, que a evolução da demanda, evolução da ENA do SIN, distribuição espacial da ENA levou o país de uma situação confortável no primeiro semestre para o atual patamar de pressão que temos visto no país.

Ainda na última segunda-feira, 21, a Aneel deliberou por estender o programa de Resposta da Demanda para todo o país como mais uma ferramenta de flexibilidade para que o ONS possa atuar uma vez que o país enfrenta a severidade hídrica. A meta do regulador, destacaram os diretores, é a de ajudar a reduzir o custo da geração de energia ao incentivar a redução da carga haja vista a participação de apenas um consumidor ao longo de todo o programa, a Braskem que teve uma redução de cerca de 10 MW médios.