Para o diretor de Novos Negócios da Potencial Comercializadora de Energia, Benjamim Carvalho, o governo deveria destinar à biomassa uma fatia nos leilões de reserva de capacidade. A declaração foi dada no primeiro webinar de 2021 da Associação da Indústria de Cogeração de Energia e a União da Indústria de Cana-de-Açúcar, no dia 24 de fevereiro. De acordo com ele, o cenário que se desenha tende a privilegiar o gás natural, mas a indústria de biomassa poderia ser um bom competidor nos certames.

O diretor da Potencial disse ainda que a fonte já mostrou ao longo dos anos que funciona, tem lastro e que o seu preço é equivalente. Ainda segundo Carvalho, se houver 1 GW para ser instalado, 10% poderiam ir para a biomassa, frisando que a cadeia de empregabilidade é maior que a do Gás Natural.

Ele destacou a complementariedade da biomassa de cana-de-açúcar em relação ao período seco do país. Conforme lembrou o diretor de Regulação e Tecnologia da Cogen, Leonardo Caio, o setor sucroenergético guarda 15 pontos percentuais de água nos reservatórios das hidrelétricas, que estariam com apenas 11% de seu volume se não fosse bioeletricidade. Segundo Carvalho, as biomassas à base de madeira ainda têm o diferencial de produzir os 12 meses do ano.

A figura do supridor de última instância também foi lembrada no evento por Carvalho, de modo que o mercado livre possa estimular o segmento varejista. Segundo Carvalho, são poucos varejistas habilitados atuando no mercado – cerca de 40. E a solução passa pela criação de instrumentos jurídicos capazes de proteger as partes, inibindo o não pagamento dos serviços prestados e protegendo os consumidores em caso de falência dos varejistas. Ele pediu ainda uma comunicação mais efetiva dos benefícios do mercado livre para que se avance no mercado livre.