A demanda por eletricidade no Brasil segue em alta, com avanço de 1,3% na primeira quinzena de junho na comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados preliminares são do Boletim InfoMercado Quinzenal da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e citam um volume total de 63.210 MW médios consumidos no Sistema Interligado Nacional (SIN).

O crescimento foi puxado mais uma vez pelo mercado livre, no qual grandes empresas, como a indústria, shoppings e redes de varejo contratam energia elétrica direto de um gerador ou comercializador. O segmento utilizou 35% da demanda total do país e registrou alta de 3,9% no comparativo anual.

O restante da energia, cerca de 40.583 MW médios, foi fornecido ao mercado regulado, que abastece residências e pequenas empresas, como o comércio. O consumo no ambiente teve um pequeno recuo, de 0,1%, explicado por temperaturas mais amenas e maior volume de chuvas, sobretudo nas regiões Sudeste e Nordeste.

Outro fator que pode influenciar os dados é a migração de consumidores entre o mercado livre e o regulado. Se desconsiderássemos esse movimento, o crescimento no segmento livre seria menor, de 1,2% em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto o regulado teria um acréscimo de 1,3%.

Importante considerar também a influência da geração distribuída, que pode reduzir a demanda por energia nas distribuidoras. Sem esse tipo de tecnologia, o ambiente regulado também teria registrado alta de 1,3%, em vez da queda de 0,1%.

Atividades e regiões

Nos 15 setores monitorado, excluindo a migração de cargas, destaque para o avanço de 11% no ramo de Madeira, Papel e Celulose, com empresas ainda operando na capacidade máxima para atender a alta demanda por celulose brasileira no mercado internacional. Em seguida, foram registradas altas 7,5% e 5,8% nos segmentos de Serviços e Bebidas, respectivamente, muito impulsionados pela maior circulação de pessoas em ambientes como shoppings, shows e festivais.

O Paraná apresentou o maior crescimento do período, de 9%, seguido por Maranhão e Tocantins, ambos com 6%. Já os maiores recuos foram observados no Rio de Janeiro (-14%), Acre (-10%) e Piauí (-8%). Vale reforçar que os dados são preliminares e sofrerão alterações até o encerramento da contabilização do mês.

Solar sobe, eólica cai

Na geração as hidrelétricas forneceram 48.667 MW médios ao SIN, volume 24,4% maior em relação ao mesmo período de 2021, sinal da boa recuperação dos reservatórios. Consequentemente, houve a redução da dependência de geração térmica, que caiu 47,5%. Destaque ainda para o aumento de 44,6% na produção de energia solar e recuo de 6,8% na eólica.