A recuperação energética de resíduos é um tema muito atual e vem sendo discutido nos últimos anos e o manejo desses resíduos no Brasil é complexo e na maioria dos locais inadequados. “O novo marco do saneamento no Brasil é uma das medidas mais importantes na história do País e isso determinou várias iniciativas importantes. Contudo, hoje a nossa preocupação está ligada a destinação final dos nossos resíduos e a Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN) se propõem a atuar e criar um novo mercado no Brasil. Queremos fazer aqui no Brasil o que muitos países na Europa já fazem, que é criar uma solução final para a destinação de resíduos e recuperar a energia deles. Hoje já existem no mundo cerca de 2.000 plantas que fazem esse papel e aqui no Brasil e na América Latina não vemos esse movimento com força. Queremos também fazer com que a sociedade brasileira entenda o que é feito com os resíduos após jogar fora”, disse o presidente do conselho da Abren | WTEEC Federal, Antonio Bolognesi.

De acordo com a Abren, as usinas de recuperação energética (UREs), que utilizam o lixo para gerar energia, podem atender pelo menos 5% do consumo energético das cidades brasileiras. Além disso, há potencial para alcançar 994 MW de potência instalada por meio das UREs, energia que seria suficiente para abastecer 27 milhões de domicílios com eletricidade limpa e renovável.

“A recuperação de energia desses resíduos é um dos princípios básicos da economia circular. É muito importante reciclarmos esse material e fazermos a circulação energética, mas para isso temos que reestruturar as usinas de recuperação energética. Temos muitas oportunidades para o mercado se desenvolver”, disse o presidente executivo da Abren e do WtERT Brasil, Yuri Schmitke, durante a terceira edição do Fórum de Valorização Energética de Resíduos.

Vale lembrar que recentemente a Abren entregou ao ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, uma minuta de projeto de lei que cria o Programa Nacional da Recuperação Energética de Resíduos (PNRE). O programa proposto tem como objetivo a articulação de iniciativas para implementação de usinas de recuperação energética de resíduos sólidos (UREs) em todo o território nacional.

O diretor da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Giovanni Machado, ressaltou que a entidade também tem feito estudos e gerado informações e ferramentas aplicadas ao aproveitamento energético dos resíduos. “Hoje estamos junto com o MME fazendo um desenho desse mercado para sermos mais competitivos”, afirmou.

“Estamos fazendo um memorando de entendimento para estruturar alguns termos de referência para projetos pilotos do aproveitamento desses resíduos em cidades pequenas e depois pretendemos escalonar colocando à disposição para outras cidades. Estamos no processo de negociação com esse projeto. Queremos atuar e contribuir para o desenvolvimento desse mercado no Brasil”, explicou.

Por outro lado, o Presidente da ABGD, Guilherme Crispim, destacou que quando falamos em energia e geração distribuída muita coisa vai mudar. “Precisamos ajustar as velas conforme o vento. A lógica está do nosso lado na questão relativa ao tratamento de resíduos e do lado da GD”, disse.

Ele afirmou que a proposta da Abren vai nesse sentido. “Tornar algo passivo em algo que é necessário que é a geração de energia. Para o mercado de geração distribuída é importante essa oportunidade. A questão enérgica está na nossa rotina, mas a gente não se dá conta. É importante tirarmos alguns minutos para pensarmos qual a relação que nós temos com algo que gera energia e que é fundamental. Energia está na nossa base (educação, saúde e segurança) e não fazemos nada sem ela. Estamos discutindo temas essenciais e fundamentais para a vida de todos. E vejo que tudo que vem pela frente vai crescer, já vejo a mobilidade elétrica e o armazenamento batendo na porta. Esse mercado vai continuar prosperando. Estamos no caminho certo”, declarou.

Segundo o presidente da Abeama, Ruberval Baldini, todos nós conceituamos energia de um jeito diferente. “Precisamos ter ciência que cada ação que temos gera energia e um desses casos é quando geramos lixo, pois ele pode virar energia. Precisamos mudar paradigmas e já vejo muita gente mudando nesse sentido, como é o caso de receber energia direto da natureza. Precisamos fazer essa mudança porque todos nós usamos energia e precisamos cuidar de nós e do nosso planeta. Hoje a energia  renovável tem um novo conceito”, disse.

Para finalizar, Aurélio Souza, da USINAZUL, destacou que a tecnologia vem para transformar o lixo em energia útil, porém precisamos de investimentos e para isso temos que acelerar essa agenda para seguir com os investimentos.