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Novas projeções da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) apontam que, em 2025, os novos investimentos gerados pelo setor fotovoltaico poderão ultrapassar a cifra de R$ 39,4 bilhões. Segundo a avaliação da entidade, a fonte solar fotovoltaica deverá gerar mais de 396,5 mil novos empregos no próximo ano, espalhados por todas as regiões do Brasil, além de proporcionar uma arrecadação extra de mais de R$ 13 bilhões aos cofres públicos.
De acordo com o CEO da Absolar, Rodrigo Sauaia, o Brasil está se encaminhando para mais um ano histórico no setor de energia solar em 2024, com um recorde de 13,6 GW já adicionados até o momento. “Isso nos coloca novamente como referência mundial em energia solar e em potência acumulada, com a nossa posição continuando a avançar”, ressaltou.
No entanto, o executivo destacou durante o 4º encontro nacional da Absolar, realizado nesta quarta-feira, 11 de dezembro, que o ano de 2025 será marcado por desafios. “Embora as previsões para o futuro sejam difíceis, seguimos conservadores em nossas estimativas para evitar decisões precipitadas e acreditamos que o mercado terá um desempenho positivo”, destacou.
Pela projeção da Absolar, em 2025, serão adicionados mais de 13,2 GW de potência instalada, chegando a um total acumulado de mais de 64,7 GW, o equivalente a mais de quatro usinas de Itaipu e que representam um crescimento de mais de 25,6% sobre a potência solar atual do país (hoje em 51,5 GW).
Desses 64,7 GW acumulados para o final de 2025, 43 GW serão provenientes de pequenos e médios sistemas instalados pelos consumidores nas residências, pequenos negócios, propriedades rurais e prédios públicos, que representarão 66% do total acumulado da fonte, enquanto 21,7 GW estarão em grandes usinas solares, que representarão 34% do total acumulado.
Sauaia pontuou que os fatores principais a serem considerados nas projeções incluem principalmente a economia. “O setor é cada vez mais relevante como segunda fonte da matriz elétrica brasileira e está diretamente influenciado pela macroeconomia. Além disso, a expectativa de uma alta nas taxas de juros e o risco de inflação são preocupantes, o que impacta diretamente as tarifas de energia elétrica, mas também abre oportunidades para o setor solar. O custo de capital também sofre com esses impactos econômicos”, explicou.
Apesar desse cenário, o executivo destacou que o setor solar está se esforçando para aumentar sua eficiência e competitividade. No entanto, ele afirmou que as decisões do governo federal, como a redução de incentivos para equipamentos solares e mudanças nas políticas de importação, têm gerado impactos negativos.
Desafio do setor
Entretanto, o setor enfrenta desafios como a necessidade de expansão da infraestrutura de transmissão e distribuição, que é fundamental para o crescimento da energia solar. Segundo o CEO da Absolar, a previsão é que o Brasil precise triplicar sua capacidade de energia renovável até 2030, o que exigirá um aumento significativo no financiamento do setor. E o preço da energia elétrica também continua abaixo do ideal, o que dificulta novos contratos, e fatores como a valoração da geração distribuída ainda precisam ser resolvidos.
Mas continuou a afirmar que o setor solar brasileiro continua a crescer de maneira robusta. “A mensagem é que, apesar dos desafios, o setor solar tem se mostrado cada vez mais estratégico e essencial para o desenvolvimento do Brasil, e estamos comprometidos em continuar avançando com o apoio do governo e das partes envolvidas”, disse.
Prioridades
Dentre as prioridades da Absolar para 2025, destaca-se a urgência da solução dos desafios enfrentados pela geração distribuída solar com as alegações de inversão de fluxo de potência, tão prejudiciais aos consumidores e às operações do segmento. Neste sentido, a associação defende a aprovação do Projeto de Lei nº 624/2023, que institui o Programa Renda Básica Energética (REBE). Além de beneficiar famílias em condição de pobreza energética, este PL atualiza a Lei nº 14.300/2022, corrigindo restrições de conexão às redes de distribuição, que atualmente inviabilizam milhares de sistemas de geração distribuída solar e prejudicam o direito do consumidor de investir em seu sistema de geração própria solar.
Em relação às atualizações na Lei nº 14.300/2022, a Associação recomenda aprimoramentos à Lei, para determinar, de forma clara e objetiva, que as concessionárias ou permissionárias de distribuição de energia elétrica atendam às solicitações de acesso das unidades consumidoras com geração própria renovável, sem restringir ou limitar a injeção de eletricidade nas redes. Já na eventualidade de limitações ou restrições da infraestrutura elétrica, deve ser claramente explicitada a responsabilidade direta das distribuidoras de apresentar estudos técnicos que comprovem estas situações, com todas as informações elétricas pertinentes.
Outra prioridade é o cálculo dos benefícios e custos da geração distribuída (GD), pela Aneel, seguindo as diretrizes publicadas pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), pela Resolução CNPE nº 002/2024. Tais diretrizes estão em linha com a determinação da Lei nº 14.300/2022, que estabelece que todos os benefícios da GD sejam corretamente identificados, calculados e incorporados nas análises.
Na geração centralizada solar, também há desafios. Uma das prioridades é o chamado constrained-off, ou seja, cortes de geração determinados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), sobre os quais os empreendedores não possuem controle e nem responsabilidade.
Recentemente, a Quinta Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) determinou a compensação, na forma da lei, sem as restrições inauguradas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), dos cortes de geração. A medida marca um passo relevante para restabelecer a segurança jurídica, regulatória e financeira das empresas do setor de renováveis, bem como pode pavimentar investimentos no segmento.
Segundo a Absolar, a garantia de ressarcimento aos geradores pelos cortes de geração determinará o ritmo do crescimento da energia solar, um motor de transformação econômica, social e ambiental para o Brasil, e fundamental para o cumprimento dos objetivos de transição energética assumidos pelo Brasil em compromissos internacionais.
O CEO da Absolar alerta que o ano de 2025 será cheio de desafios, por conta do cenário macroeconômico desfavorável, da desvalorização do real e da tendência de alta do juros. “Mesmo diante destas turbulências, o setor solar fotovoltaico brasileiro segue comprometido com a transição energética sustentável do Brasil. O crescimento da energia solar fortalece a sustentabilidade, alivia o orçamento das famílias e amplia a competitividade dos setores produtivos brasileiros, fatores cruciais para alavancar a economia nacional e para o atingimento dos compromissos ambientais do país”, finalizou.