A sobrecontratação de energia impôs à AES Eletropaulo um prejuízo de prejuízo de R$ 42,1 milhões no primeiro trimestre do ano, resultado da comercialização da energia que excedeu o limite regulatório de 105% e que, portanto, precisou ser liquidada no mercado de curto prazo a preço menor que os dos contratos firmados em leilão.
 
A companhia estima uma sobrecontratação de 116% em 2016, resultado de dois motivos centrais: a redução de mercado, que no primeiro trimestre encolheu 4%, e a obrigação regulatória de repor 96% dos contratos no leilão A-1 de 2015, que resultou em uma contratação de energia desnecessária, na avaliação da empresa. A redução de mercado ocorre por conta da migração de clientes cativos para o mercado livre e pelo menor consumo das classes residencial, comercial e industrial, impactadas pela retração da economia brasileira e pelo aumento tarifário elevado.
 
Durante teleconferência nesta segunda-feira, 9 de maio, o novo presidente da AES Brasil, Julian Nebreda, disse que uma solução estrutural para o problema da sobrecontratação é de "extrema importância" para a AES Eletropaulo e necessária para garantir a manutenção dos investimentos em sua área de concessão. "No caso especifico da AES Eletropaulo, a contratação compulsória no leilão de energia de 2015 está gerando um impacto que poderia ser evitado se houvesse uma flexibilidade maior na regulação”, disse. "Esse problema requer máxima atenção por parte do regulador."
 
De acordo com Sidney Simonaggio, vice-presidente de Assuntos Regulatórios AES da Eletropaulo, as medidas colocadas em vigor pela Aneel para tentar resolver o problema ainda não tiveram efeito na empresa. A agência permitiu que a partir deste ano as distribuidoras podem abater da demanda dos leilões A-1 as sobras resultantes da alocação de cotas, contudo, essa regra não tem efeito na Eletropaulo. 
 
Outra medida foi a negociação bilateral de contratos entre geradores e distribuidoras. Porém, disse Simonaggio, "ainda não houve interesse por parte dos geradores para fazer o acordo". Além disso, em sua opinião, a norma precisa ser aperfeiçoada pois um acordo que provoque uma elevação do preço médio do mix de contratos das distribuidoras não poderá ser repassada para a tarifa, prejudicando a utilização da regra.
 
A expectativa da empresa está em duas outras soluções que estão em audiência pública. A primeira é a criação do MCSD de energia nova, no qual prevê uma negociação entre geradores e distribuidoras de forma centralizada pela Aneel. A outra é um debate entre a possibilidade de reduzir contratos por conta da saída de consumidores especiais.
 
Simonnagio informou que a companhia entrou com um recurso administrativo na Aneel pedindo que, independente da solução que vier a ser adotada, ela deverá retroagir a janeiro de 2016. Nebrada, por sua vez, pediu celeridade no processo e disse que a situação da companhia vai ficar "muito ruim” se essa situação não for resolvida.  "Essa é a mensagem que vou levar à Aneel e ao Ministério [de Minas e Energia]."