O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico vai criar um grupo de trabalho para analisar a situação do reservatório do Castanhão, no Ceará, e os impactos da restrição hídrica sobre a operação das usinas termelétricas do estado. A preocupação maior são as térmicas Pecém I e II, cujo desligamento pode aumentar o custo de operação entre R$ 650 milhões e R$ 750 milhões, segundo estimativa do Operador Nacional do Sistema Elétrico. Esse seria o impacto da substituição das duas usinas, que produzem 1.080 MW de energia a um custo mais baixo, por termelétricas mais caras.
A avaliação sobre a possibilidade de desligamento das térmicas foi proposta pelo governo de estado, que teme o agravamento da situação de abastecimento de água no ano que vem, caso ocorra um novo período com chuvas abaixo da média histórica. O Ceará atravessa o quinto ano consecutivo de seca, e o reservatório que representa 95% da capacidade de acumulação de água no estado está com nível abaixo de 30%, afirmou o secretário estadual de Recursos Hidricos, Francisco José Coelho Teixeira, durante a reunião mensal do CMSE.
Pecém I e II consomem grande quantidade de água na produção de vapor e para resfriamento. Em razão da seca, o governo local adotou restrição ao consumo de 10%, e pode ampliar ainda mais o racionamento.
A primeira avaliação será feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica, que vai analisar de quem é a responsabilidade e a quem cabe mitigar o problema. Caso ela seja do gerador, que alternativas ele apresentaria para evitar a paralisação da usina, até mesmo assumindo eventuais custos adicionais. “Nós vamos analisar cada contrato. Já temos reuniões marcadas com os agentes para fazer essa discussão”, explicou o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino.
Ele lembrou que há restrição de uso, e um conjunto térmicas do estado, que incluem outros empreendimentos além de Pecém, captam água do mesmo local. “Primeiro a Aneel vai analisar a questão regulatória. Uma vez concluído esse estudo, o próprio CMSE fara a discussão mais ampla”, disse.
Na reunião do comitê desta quarta-feira, 3 de agosto, foi mantida a avaliação de risco de déficit de energia de 0% nas regiões Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste, considerando o histórico de vazões e o despacho térmico por ordem de mérito. O comitê também discutiu a proposta de redução da defluência mínima da hidrelétrica de Sobradinho, que será apresentada à Agência Nacional de Águas e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Mantida a vazão atual, a previsão do ONS é de que o reservatório vai atingir 2% de sua capacidade em novembro.