As indenizações adicionais pelas concessões de transmissão renovadas vão acrescentar R$ 28 bilhões a geração de caixa do grupo Eletrobras após julho de 2017, contribuindo para que a companhia volte a pagar dividendos, avalia a agência de classificação de risco Fitch Ratings. A agência afirmou na última terça-feira, 29 de novembro, os ratings de probabilidade de inadimplência da estatal (Issuer Default Ratings – IDRs) em BB e melhorou a perspectiva para "estável".

Segundo a Fitch, a revisão da perspectiva dos IDRs reflete o crescente suporte do governo ao grupo Eletrobras, por meio de injeções de capital de aproximadamente R$ 3 bilhões durante 2016 e de garantias a empréstimos alcançando 30% da dívida. A Fitch também espera que a nova administração do grupo implemente medidas que gradualmente fortaleçam o fluxo de caixa consolidado das operações.

"O grupo tem sido bem-sucedido na redução dos custos operacionais e a indenização adicional pelas concessões de transmissão renovadas, de R$ 28 bilhões, será adicionada à sua geração de fluxo de caixa após julho de 2017. O perfil financeiro da Eletrobras se beneficia da forte posição de liquidez e de um alongado perfil de vencimento da dívida", avaliou a agência.

Os IDRs da Eletrobras consideram sua importância estratégica para o país dada a sua posição proeminente no setor elétrico brasileiro devido à relevante posição de mercado em geração e transmissão. Em bases isoladas, os IDRs da Eletrobras seriam inferiores, devido à sua ainda fraca geração consolidada de caixa operacional, ao elevado programa de investimentos e aos fracos indicadores de crédito para sua categoria de rating. A decisão de aceitar a renovação antecipada de todas as suas concessões de geração e transmissão de energia que expiravam entre 2015 e 2017 impactou fortemente o perfil de crédito consolidado da companhia.

A Eletrobras está exposta a riscos de interferência política, devido à sua condição de entidade controlada pelo governo brasileiro, apesar das inciativas positivas da nova administração. Os governos atual e futuro podem utilizar a companhia para atingir determinados objetivos macroeconômicos e sociais, mediante controles de preços e/ou de subsídios. O risco regulatório do setor de energia é considerado moderado no Brasil, enquanto o risco hidrológico é inerente ao setor.

A Fitch acredita que o crescente suporte do governo brasileiro à Eletrobras é positivo e deve ajudar a companhia a atingir o resultado operacional necessário, para trazer as métricas de crédito do grupo para níveis mais adequados a médio prazo. O governo nomeou profissionais de mercado e especialistas do setor para o Conselho de Administração e diretoria, e desenvolveu um novo Plano Estratégico para 2017-2021.

Segundo projeções da Fitch, a geração média de Ebitda da Eletrobras será de R$ 2,7 bilhões ao ano no próximo período de 2017 a 2021. A geração de fluxo de caixa livre consolidado da Eletrobras deve permanecer negativa, apesar da redução dos investimentos e capex como parte da nova estratégia de negócios. Para a Fitch, a ausência das subsidiárias da companhia nos recentes leilões de transmissão e geração promovidos pelo governo é positiva.

O plano estratégico para 2017-2021 considera R$ 35,8 bilhões de investimentos e injeções de capital nas subsidiárias. Os planos de expansão são um desafio e precisarão ser financiados por meio de dívida e geração de caixa. A Fitch espera que a Eletrobras volte a pagar dividendos em 2017.