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O impacto da alta dos custos de operação no sistema elétrico para agentes e consumidores deverá ficar ainda maior nas próximas semanas, com a edição de um decreto pelo governo federal abrindo caminho para um racionamento hídrico no Rio São Francisco. A medida está em fase final de discussão no âmbito da Casa Civil da Presidência da República e, na prática, dará condições à Agência Nacional de Águas para adotar o plano de contingência. A ideia é que uma norma do órgão regulador estabeleça como limite máximo para a vazão do reservatório de Sobradinho um volume entre 600 e 650 m³/s – atualmente a vazão adotada na principal barragem do Nordeste é de 700 m³/s.

O racionamento hídrico, se confirmado, será uma das consequências da péssima hidrologia verificada no Nordeste durante o recém encerrado período úmido, que entre novembro e março atingiu níveis inferiores à média histórica. Isso acarretará diretamente em um maior despacho de usinas termelétricas de maior custo de operação. A expectativa é do diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Luiz Eduardo Barata, que falou sobre o assunto em apresentação feita no “Agenda Setorial 2017”, evento promovido pelo Grupo CanalEnergia nesta segunda-feira, 3 de abril, no Rio de Janeiro.

Segundo ele, além do maior acionamento de termelétricas mais caras, a decretação do racionamento hídrico em articulação no governo trará complexidade na operação do sistema, dada a intermitência da fonte eólica, naturalmente complementar à hídrica. Ainda assim, o plano é tido como necessário em função da possibilidade de comprometimento do despacho hidrelétrico com a vazão atual adotada na maior barragem da região. “O equacionamento das questões relativas ao São Francisco é de ordem nacional, e não restrita apenas à situação do setor elétrico”, observou Barata.

A perspectiva de maior operação a partir de térmicas em 2017, de acordo com o executivo, trará certamente um impacto no custo da operação e na formação de preço da energia no mercado. “Estamos trabalhando no ONS em novos parâmetros para o CVar. Esse processo implicará tanto em despacho térmico quanto em custos maiores para o sistema”, frisou ele, destacando que, em quaisquer cenários, o Operador adotará a ordem de mérito para fins de despacho de usinas no Sistema, a partir de orientação da Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico.

É sob o pano de fundo de um quadro hidrológico extremamente ruim que o dirigente do ONS estima um reflexo no maior acionamento de usinas termelétricas até o final deste ano. Dados por ele apresentados no evento mostram que, para a curva de aversão ao risco máxima no final de novembro atingir o patamar de 20%, terá de haver um despacho térmico suplementar da ordem de 3 mil MW. Esse volume a mais se somariam aos atuais 12 mil MW em operação no Sistema Interligado em empreendimentos termelétricos – atualmente a matriz conta com aproximadamente 22 mil MW em térmicas.

Hoje, o Nordeste opera com cerca de 30% de fonte eólica, 30% de térmica, 30% de importação e apenas 10% de hídrica. Outros submercados também registram os efeitos negativos das chuvas fracas no último período úmido. No caso do Sudeste/Centro-Oeste, os estoques armazenados nas cabeceiras dos rios Grande e Paranaíba estão sendo mais utilizados do que de costume, em razão da ausência de chuvas à montante das bacias. Já na região Norte, pela primeira vez desde 1984 – ano em que foi inaugurada – a usina hidrelétrica de Tucuruí não apresentou vertimento no seu reservatório.

O diretor-geral do ONS observou que, além de a afluência no sistema Sudeste/Centro-Oeste ter ficado bem abaixo do esperado ao final do mês de março, problemas verificados em outros locais nos últimos meses afetaram a oferta na região. Entre eles interrupções na transferência pelos dois bipolos da linha de transmissão do Complexo do Madeira reduziram a carga para a região em cerca de 1.200 MWmédios, ou 0,6% dos reservatórios da região. A expectativa do ONS é que, em novembro, o nível médio dos reservatórios da região esteja em torno de 20%.