A OnCorp, empresa que hoje é a holding da UTE Xavantes (GO, 54 MW), aposta no mercado de usinas modulares para crescer no país e na expansão de suas operações para a América Latina. A companhia vem desenvolvendo um novo grupo gerador instalado em um contêiner que utiliza o conceito plug&play e que utiliza gás natural ou óleo diesel como combustíveis. O motor utilizado é o da Scania e o gerador acoplado é Weg. Atualmente, a empresa possui 65 MW em usinas modulares para serem entregues ao mercado, tanto no Brasil quanto em outros países.

A produção desses equipamentos é feita pela empresa OnPower, que surgiu no final do ano passado. Outra ideia da holding é a de entrar em leilões de energia nova A-3 ou A-5 com essas usinas modulares de capacidades que não ultrapassam 50 MW. Inclusive, quanto ao uso de gás natural, a meta é mais específica ainda: de instalar projetos de 10 MW com ciclo fechado, uma usina que ainda não existe no país e cuja patente foi requerida pela OnCorp junto ao INPI.
De acordo com o sócio da empresa, Brian Brewer, com a regra de se ter participação no leilão por meio de usinas a gás natural com ciclo combinado o valor do investimento para alcançar a energia adicional que o processo aumenta. Seria melhor, segundo ele, ser de ciclo aberto por ser necessitar de um aporte menor.
Brewer diz que essa nova onda de térmicas que estão chegando justamente em leilões da Aneel, como as do Grupo Bolognesi e Genpower, não faz sentido para a sua empresa. Ele argumenta que o tamanho do investimento é muito alto para se ter um terminal de GNL. O executivo toma como base sua experiência de quase 10 anos em uma empresa de transporte de GNL entre a Indonésia e o Japão no final dos anos 1990. Um dos principais pontos que destacou foi a dificuldade de operar com o combustível. Por ser líquido a sua expansão é instantânea e pode provocar graves acidentes.
“Esse tipo de operação está mais para empresas de combustíveis, como a Petrobras”, indicou ele. “Nosso foco é em energia distribuída, vemos que usinas de 50 MW, como é a Xavantes, atende o local onde está instalada e traz benefício imediato à localidade”, explicou Brewer.
O problema do momento no Brasil, lembrou ele, é a questão da disponibilidade de se ter gás natural para operar uma planta dessas. No conceito da usina modular, o fornecedor do combustível seria a própria distribuidora de energia em função dessa planta poder operar com baixa pressão. O que, segundo ele, minimiza o tempo de instalação dessa unidade e requer investimento reduzido por utilizar a infraestrutura local. Contudo, mesmo para esse tipo de usina e participar de leilões não há a garantia de fornecimento do insumo e os planos acabam sendo adiados em função dessa incerteza.
Uma usina de 10 MW de capacidade operando em 60 Hz – como é a rede brasileira – demandaria cerca de 280 metros cúbicos por MWh gerado, um volume considerado por ele como competitivo. “Não preciso trabalhar o projeto com essa usina modular, o produto já vem pronto para operar, precisa apenas de uma preparação para o terreno, aterramento e algumas adequações e está pronta para gerar”, explicou Brewer. “Fazemos essas usinas de 10 MW gerar em duas semanas, é bem rápido”, acrescentou.
Enquanto o gás natural não chega ao volume para ser fornecido segundo as regras da Aneel, a experiência com o combustível foi iniciada na Argentina. Por lá a empresa já conseguiu a homologação como produtor independente de energia e está com a implantação de uma usina de 25 MW de capacidade depois de atuar no país vizinho como uma locadora de grupos geradores. Além desses há ainda três outros contratos, dois a óleo, o primeiro entrando em operação em novembro, a fase dois dessa usina em dezembro e uma outra a gás natural em meados de abril de 2016. Outros mercados que estão no radar da empresa são da América do Sul e na África, principalmente Moçambique e África do Sul.
*O repórter viajou a convite da Scania