A USP inaugurou oficialmente na semana passada uma usina solar fotovoltaica de 540 kWp de capacidade instalada. O projeto está enquadrado no programa de P&D da Aneel e conta com recursos da CTEEP e da Cesp que foram as responsáveis por 60% e 40% do investimento de cerca de R$ 7 milhões feito no projeto. Com essa usina, a meta é de obter informações práticas e operacionais para possíveis aperfeiçoamentos da regulamentação vigente, e devido a suas quatro configurações, permite a capacitação de mão de obra.

A operação de sistemas fotovoltaicos conectados à rede não é uma novidade para o LSF-IEE, laboratório responsável pelo sistema. De acordo com o Professor Roberto Zilles, esse tipo de atividade ocorre desde o final da década de 1990. Inclusive, destacou, foi justamente com um sistema de menor porte que foi possível obter dados que contribuíram para a construção da regulamentação da GD fotovoltaica, por meio da Resolução Normativa 482/2012 da Aneel.
Com a nova usina, composta por quatro subsistemas, a expectativa é de atender a 1% da demanda por energia no principal campus da USP, em São Paulo. Todos os sistemas utilizam painéis fotovoltaicos de silício monocristalino e são divididos em conceitos diferentes e com custos diferenciados. Além disso, explicou Zilles, há diferenças no ponto de conexão. Três dos quatro sistemas estão conectados em média tensão e um em baixa tensão, neste último está sendo realizado um estudo de compensação de reativos.
“As demais tecnologias já são usadas, temos no IEE sistemas com silício amorfo, micro-amorfo, e policristalino em operação”, explicou o acadêmico à Agência CanalEnergia. “Há também instalações no país com módulos CIGs e Telureto de Cádmio em operação. O projeto atual não restringiu a tecnologia, apenas exigiu o fornecimento de módulos com eficiência igual ou superior a 15%. Fizemos duas licitações e nas duas as propostas vencedoras apresentaram os módulos Si-monicristalino. Uma parte são da chinesa Yingli e outra da SolarWorld, dos Estados Unidos”, acrescentou.
Os sistemas são divididos nos conceitos BIPV que envolve maior custo devido a sua integração arquitetônica no ambiente construído, esse sistema possui 150 kWp de capacidade instalada em cobertura de vagas de estacionamento. Outro sistema utiliza o conceito BAPV que é aplicado em telhados existentes, aqui a potência é de 156 kWp. Nesses casos há uma diversificação quanto ao número de inversores que permite avaliar custo, desempenho e logística de manutenção.
Há ainda um sistema central, também de 156 kWp de estrutura fixa em terreno com um único inversor de fabricação nacional, da marca Weg. E o menor, de 78 kWp é aplicado em cobertura de edificação com configuração multi string para o estudo de compensação de reativos.
O projeto teve início em maio de 2012 e proporcionou resultados acadêmicos com duas teses de doutorado e cinco dissertações de mestrado concluídas. Além disso, há em andamento outras cinco teses de doutorado. Do lado normativo e de notas técnicas o projeto contribuiu para quatro normas da ABNT dos anos de 2012 a 2014. Além disso, o projeto já capacitou 35 professores do Centro Educacional Paula Souza.