Os recentes aumentos da tarifa de energia são uma fonte de preocupação para a Light (RJ) em termos de inadimplência e de perdas comerciais. A companhia comemorou no final do primeiro trimestre ter alcançado índice de 39,88% de perdas na baixa tensão, ante uma meta estabelecida pela Aneel de 39,92% para agosto deste ano. Segundo a empresa, de novembro a março, a tarifa foi elevada em 60%, o que pode gerar um problema na hora em que a companhia está focada em mudar a cultura estabelecida de fraudes em sua área de concessão.
“Deixamos de faturar cerca de R$ 2 bilhões ao ano e em termos de volume de perdas é o equivalente ao consumo do Espírito Santo, e isso não é pouca coisa, nenhuma empresa do país tem a particularidade que a Light tem”, afirmou Paulo Pinto, presidente da empresa, em teleconferência com analistas e investidores referente aos resultados da companhia no primeiro trimestre do ano.
Apesar dessa preocupação, disse o diretor de Distribuição da Light, Ricardo Rocha, a expectativa da companhia é de continuar a reduzir o indicador. Ele credita esse otimismo da empresa ao programa de combate a fraudes que vem sendo implantados. Segundo o executivo, há estímulos financeiros para a equipe de campo que soma cerca de 1 mil pessoas somando pessoal próprio da concessionária e terceirizados.
“Não vamos resolver o problema em dois ou três anos, é uma coisa cultural muito forte e que acompanha a Light por 40 anos. Queremos institucionalizar uma metodologia de trabalho junto à comunidade mas é um trabalho de médio a longo prazo”, avaliou.
O presidente da empresa reforçou o discurso ao dizer que apesar do cenário complexo que o país passa é evidente que há espaço para o aumento da inadimplência ou perdas. Em suas palavras, “o risco é grande”. Mas, disse que a meta de perdas na baixa tensão estabelecida pela Aneel é um compromisso assumido mais pela questão operacional do que pelo retorno financeiro, pois se não tiver o nível de 39,92% deixam de receber R$ 4 milhões.
Segundo Pinto, o maior problema para a Light são as metas de 2016 até porque não se tem um cenário claro para o médio prazo no setor elétrico. Contudo, disse ele, a Light não trabalha com a perspectiva de pedir uma flexibilização nas metas de perdas.