Parlamentares da bancada de Santa Catarina criticaram o processo de incorporação da Eletrosul pela Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE), durante audiência pública com o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr. O executivo afirmou que a reestruturação aprovada pelo Conselho de Administração da Eletrobras no ano passado é técnica, e não política, e está lastreada em pareceres jurídicos.

“Nossa melhor estimativa hoje é começar essa operação em julho”, disse Ferreira Jr. Pelos cálculos da Eletrobras, a integração das subsidiárias vai permitir redução de custos de R$ 24 milhões, com diminuição no quadro de pessoal e da terceirização de atividades, além do compartilhamento de processos.

Na reunião realizada pela Comissão de Minas e Energia nesta terça-feira, 7 de maio,  os deputados Coronel Armando (PSL), Pedro Uczai (PT), Carlos Chiodini (MDB), Daniel Freitas (PSL) e Rogério Peninha Mendonça (MDB) cobraram transparência e exigiram informações mais detalhadas sobre o processo.“Há um consenso dos deputados de Santa Catarina, de todos os partidos, quanto à necessidade de mais transparência neste processo”, afirmou Armando. Freitas disse que pediu ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, a suspensão do processo, até que a bancada receba os estudos e discuta a operação. Os deputados anunciaram um encontro com Albuquerque na tarde de hoje para tratar do assunto.

A CGTEE é uma geradora termelétrica que teve duas de suas três usinas desativadas e opera atualmente um empreendimento a carvão em Candiota, no Rio Grande do Sul. A Eletrosul é responsável por empreendimentos de geração e de transmissão de energia elétrica e tem sede em Santa Catarina.

Os representantes da bancada na comissão se mostraram preocupados especialmente com a eventual transferência da sede da empresa para Porto Alegre (RS), mas o executivo esclareceu que com a operação será criada a CGT Eletrosul, que manterá o escritório central e a diretoria em Florianópolis (SC). Ferreira Jr garantiu que a integração vai trazer para os empregados o melhor das duas empresas, com melhores salários e a extensão de benefícios como plano de saúde. Ele assegurou ainda que a mudança vai tornar as duas companhias lucrativas.

“Quero que vocês tenham clareza que essa não é uma operação feita para criar qualquer entrave político. Eu estou aqui para salvar uma empresa”, justificou o executivo. Ele lembrou que a Eletrosul perdeu capacidade de investimento, o que resultou na revogação da concessão de empreendimentos de transmissão, em um processo no qual a empresa ainda pode sofrer penalidades por descumprimento de contrato, com o pagamento de valores elevados.

A estatal foi a concessionaria com a maior redução na Receita Anual Permitida na última revisão tarifária aprovada pela Aneel. A perda de receita com a queda na RAP foi de 54%. Há dois anos, ela tinha um endividamento correspondente a 11 vezes a geração de caixa.