Começou nesta semana o comissionamento do eletrolisador na planta solar do projeto de P&D que Furnas desenvolve na área da UHE Itumbiara (MG/GO), com foco no armazenamento de energia a partir de diferentes fontes renováveis. Pela primeira vez em 64 anos de atuação, a empresa produz hidrogênio em uma de suas instalações. O sistema, que põe a empresa a vanguarda do tema, compreende a implantação de infraestrutura e ensaios para obter e avaliar informações sobre tempos de resposta, qualidade e quantidade de energia armazenável.

De acordo com o engenheiro do Centro Tecnológico de Engenharia Civil de Furnas e coordenador técnico do projeto, Jacinto Pimentel, o objetivo principal do projeto é estudar a inserção do armazenamento de energia no Sistema Interligado Nacional, buscando sinergia entre a geração hidrelétrica e o armazenamento de energia, além de otimizar instalações já consolidadas e com infraestrutura instalada. Com isso, buscam-se respostas mais rápidas para o brusco aumento de carga no SIN com o armazenamento de energia em hidrogênio e em baterias, além de aumentar a confiabilidade do sistema com melhor regulação dos parâmetros elétricos.

Denominado “Desenvolvimento de sinergia entre as fontes hidrelétrica e solar com armazenamento de energias sazonais e intermitentes em sistemas a hidrogênio e eletroquímico”, o projeto de pesquisa visa atender à Chamada n°. 21/2016 da Agência Nacional de Energia Elétrica de Projeto Estratégico – Arranjos Técnicos e Comerciais para inserção de Sistemas de Armazenamento de Energia no Setor Elétrico Brasileiro. Segundo o gerente do Centro Tecnológico de Engenharia Civil de Furnas, Renato Cabral, o projeto prevê uma sinergia Hidro Solar com apoio em sistemas de armazenamento na área da UHE Itumbiara, armazenamento eletroquímico em baterias e armazenamento em hidrogênio com a instalação de geração de energia elétrica por meio de plantas fotovoltaicas (200 kWp flutuante / 800 kWp no solo).

Os parceiros de Furnas nesse projeto são a Barbosa e Barbosa Engenharia Elétrica, o Centro de Tecnologia em Energia da Universidade de Brandenburgo, a Fundação de Ensino, Pesquisa e Extensão de Ilha Solteira – Fepisa, o Instituto Senai de Tecnologia em Automação,  o Laboratório de Hidrogênio da Universidade Estadual de Campinas – LH2/Unicamp e o Cepel. A previsão de conclusão dessa etapa do projeto é junho de 2021, mas a planta deverá ser objeto de estudos continuados no armazenamento de energia.

O hidrogênio é o elemento mais abundante no universo, embora raramente seja encontrado em sua forma elementar. É produzido a partir de matéria-prima contendo hidrogênio, como água, biomassa ou  combustíveis fosseis. Quando obtido, o hidrogênio pode ser usado para armazenar, mover e entregar energia com baixo ou sem carbono para onde for necessário.  Para o caso do projeto de Furnas, o processo de obtenção será por meio da eletrólise da água com o uso do eletrolisador, alimentado por energia de fonte fotovoltaica. O hidrogênio é armazenado em forma de gás em tanque instalado na planta. Este tipo de hidrogênio, obtido a partir de fonte renovável, é chamado “Hidrogênio Verde”.