O Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), sediado no Rio Grande do Norte e referência do Senai no Brasil em Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) em energia eólica, solar e sustentabilidade, fechou um convênio com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) para desenvolver um mapeamento eólico do Brasil com foco no potencial offshore. A expectativa é que as estações de medição do projeto sejam instaladas ainda no primeiro semestre de 2022 e que os resultados sejam reunidos em um Atlas.

O projeto terá duração de dois anos e prevê R$ 5 milhões em investimentos para identificação das áreas mais promissoras à implantação de parques eólicos na Margem Equatorial Brasileira. A região abrange seis estados, incluindo o RN, onde equipamentos de medição serão instalados nas regiões de Areia Branca e Touros. O estado lidera a geração de energia eólica em terra no país e é um dos que mais têm aportes programados, inclusive na tecnologia offshore, com os primeiros projetos à espera de licenciamento.

Formalizado no final de dezembro, o convênio com o MCTI foi detalhado pelo Instituto na última terça-feira, 4 de janeiro. A área total inserida no levantamento corresponde a 38,6% do litoral brasileiro e inclui também os estados do Ceará, Piauí, Maranhão, Pará e Amapá. A iniciativa contemplará a identificação das melhores áreas de potencial para fomentar o desenvolvimento de projetos de usinas, além de auxiliar os fabricantes de equipamentos a dimensionarem aerogeradores, torres e fundações adequados ao perfil de vento do país.

Os trabalhos incluem medições de velocidade e direção dos ventos em pontos estratégicos e o mapeamento de áreas para projetos eólicos no mar. A liberação de recursos para o desenvolvimento das atividades é fruto de articulação realizada em 2021 pelos senadores da República Jean-Paul Prates, Davi Alcolumbre e Marcio Bittar.

Presidente do sistema FIERN apresentou projeto de R$ 5 milhões para atrair investidores (FIERN)

Impacto

Segundo o ISI-ER, o projeto ajuda a consolidar estudos concluídos e em curso sobre a tecnologia em regiões que já são grandes polos de investimentos do setor em terra no país – como o RN e o Ceará, mas contribuindo também para suprir o vazio de dados que existe sobre o potencial de geração, especialmente na região Norte.

“O RN será o maior produtor de energia do Brasil e capitanear esses estudos mostra que o país está de olho no que está acontecendo aqui em termos não somente de produção, mas também de tecnologia para o setor”, destaca o presidente do Sistema FIERN, Amaro Sales.

Já o coordenador de P&D do Instituto, Antônio Medeiros, observa que a área que será mapeada já é considerada de interesse estratégico para o Brasil na exploração de petróleo e a inserção de novas fontes renováveis de energia pode levar mais oportunidades de investimentos e de desenvolvimento sustentável para os estados envolvidos.

“É um trabalho que tem como potenciais benefícios a diversificação da matriz energética, a garantia de fornecimento de energia com fontes limpas, a possibilidade de combinar a exploração de petróleo com alimentação elétrica de aerogeradores – ajudando não só a suprir o desenvolvimento da área, mas também a mitigar os efeitos dessas atividades em um momento em que todas as empresas de petróleo do mundo buscam fazer descarbonização dos seus processos”, observa o pesquisador.

A avaliação de variáveis meteorológicas e energéticas especialmente na região Norte, segundo ele, é fundamental, visto ser uma região de muito interesse para o mundo inteiro e que os agentes e investidores precisam saber o que pode ser desenvolvido. No Amapá serão instaladas estações nas localidades de Oiapoque, Goiabal, Ferreira Gomes, Macapá, Santana, Laranjal do Jari e Estação de Maracá-Jipioca.

Quinto mapeamento

Segundo o ISI-ER, a organização foi a primeira no Brasil a medir em campo o potencial de geração eólica offshore. Este será o quinto mapeamento do tipo que o instituto realiza. Entre os trabalhos no portfólio estão estudos das Bacias Rio Grande do Norte-Ceará e do Rio de Janeiro para a Petrobras, além do Atlas Eólico e Solar em execução para o governo do Rio Grande do Norte.

A tecnologia offshore é objeto de pesquisas do Senai-RN há mais de 10 anos, começando a despontar agora com a força de possibilidade de negócios. Atualmente 23 projetos estão em processo de licenciamento ambiental no Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). São parques previstos para sete estados, principalmente no Nordeste, com potência somada de 46,63 GW.