Ainda sem solução para o impasse em relação ao pagamento da participação nos lucros e resultados, cerca 5 mil trabalhadores de Furnas e Eletronuclear, um quarto do quadro da Eletrobras, devem decidir até o inicio de julho sobre a retomada da paralisação. Sindicalistas ligados essas empresas estiveram reunidos na ultima sexta-feira, 26 de junho, para uma primeira reunião de conciliação com o vice-presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Ives Gandra Martins, com quem voltarão a se encontrar no próximo dia 3, já com um posicionamento da categoria.

Na reunião de sexta-feira, houve avanço apenas na discussão dos dias parados. O ministro propôs cinco dias de compensação pelos dias de greve e cinco dias de compensação em produtividade. Ives Gandra também colocou como premissa da negociação que o pagamento da PLR não deverá ser vinculado à obtenção de lucro pela estatal e terá de ser pago se a parte de resultados for atingida.

“O que nos preocupa é que temos até o dia 3 para fazer as assembleias mas não sabemos a disposição das categorias para aceitar as propostas”, afirmou o presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Energia, Água e Meio Ambiente  e do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo, Eduardo Annunciato, o "Chicão". O sindicalista explicou que a intenção era discutir a questão como um todo, o que inclui a proposta da empresa para a definição do pagamento futuro do PLR. Essa questão, acrescentou, era incabível para os trabalhadores, mas não para o tribunal.

“Ficou um impasse que vai para as assembleias”, informou Annunciato, que pretende se reunir ainda nesta segunda-feira, 29, com todos os sindicatos ligados à Fenatema, além de pedir reunião uma nova reunião com a direção da empresa. Em assembleias realizadas na quinta-feira passada, 25, servidores de 13 empresas do grupo Eletrobras voltaram ao trabalho. Os trabalhadores de Furnas rejeitaram a proposta e permanecem em estado de greve.

Para o presidente da Fenatema, o maior problema é a diferenciação feita pela holding entre as empresas, que ele interpreta como uma tática para fazer valer o acordo, com um aumento maior a uma parte dos empregados para dividir o movimento. A proposta apresentada pela Eletrobras prevê o pagamento escalonado de PLR, variando entre uma folha salarial (fator final 1.11) até uma folha e meia (fator final 1.61), a depender do resultado operacional de cada subsidiária. Com isso, o fator definido para Furnas, Eletronuclear e Chesf ficou em 1,29; para a Eletronorte em 1,6 e para a  Eletrosul de 1.5

A Eletrobras propôs uma regra de transição entre 2015 e 2017, que vai considerar o lucro líquido da holding, o Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e as metas operacionais para pagamento do PLR. Em 2018, o pagamento será de até 6,25% do lucro líquido consolidado do sistema, limitado a 25% dos dividendos e proporcional à folha de cada empresa. Do valor a ser distribuído, 60% será apurado com base nas metas financeiras e 40% com base no resultado operacional de cada subsidiária e, se não houver lucro em 2018, será feito o pagamento de até 75% de uma folha salarial, de acordo com o cumprimento das metas operacionais.