Frente parlamentar lança projeto para alterar contratação de energia
Principal medida é a que permite a portabilidade da conta de luz até 2023, com liberação total do mercado consumidor, inclusive, residencial
Mauricio Godoi, da Agência CanalEnergia, de São Paulo Compartilhar
Uma frente parlamentar com cerca de 300 políticos entre deputados e senadores apresentarão na próxima quinta-feira, 11 de junho, um projeto de lei que traria profundas mudanças na forma de contratação de energia pelos consumidores. A ideia é de que em 2023 a escolha pelo fornecedor de energia seja de livre escolha até para o segmento residencial. A expectativa é de que esse assunto já comece a ser amplamente discutido no segundo semestre do ano.
De acordo com o presidente executivo da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia, Reginaldo Medeiros, esse projeto contou com a interação entre a entidade e os parlamentares. Essa ideia de proporcionar a portabilidade da conta de luz foi lançada pela Abraceel em evento no ano passado em São Paulo.
“Participamos de uma audiência pública na Comissão de Minas e Energia em março onde apresentamos a ideia de abrir o mercado de energia com a portabilidade diante de um cronograma”, disse Medeiros. “Esse projeto é suprapartidário e tem um conjunto de mudanças no setor que tem como objetivo ampliar progressivamente a abertura de contratação de energia, um fato que é comum em mercados mais maduros em todo o mundo”, argumentou ele.
Segundo o executivo da Abraceel, faz parte ainda do projeto a realocação de energia das concessões com a transferência do risco hidrológico para os geradores mediante uma remuneração. Além disso, essa energia cotizada poderia ser destinada a todos os consumidores e não mais àqueles que estão no ACR. Além disso, citou o executivo da associação, a liberdade levaria naturalmente a uma maior competição entre as distribuidoras e assim a uma redução de preços para o consumidor. Outro destaque dado à proposta que será apresentada amanhã é a de promoção de maior transparência na governança do setor, incentivo de fontes renováveis e geração distribuída.
De acordo com dados da entidade, o preço de longo prazo de energia pago pelos consumidores livres é 20% mais baixo que o atualmente praticado no mercado cativo. A associação cita um estudo da consultoria Dcide que aponta que no ACL o preço médio é de R$ 210,21/MWh enquanto no mercado cativo está em R$ 270,30/MWh. O lançamento do PL ocorrerá no Salão Nobre da Câmara Federal, Brasília, às 10 horas da manhã.