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Depois de ter seu melhor faturamento em 18 anos, atingindo R$ 560 milhões e crescendo 68% em relação a 2023 e 150% nos últimos dois anos, a Tecnogera está colhendo os frutos de sua estratégia de se posicionar como provedor de soluções de aluguel temporário de energia para resiliência e segurança energética de diversos tipos de clientes. E utilizando tecnologias alternativas como a eletrificação via baterias.

De acordo com o CEO da empresa, Arthur Lavieri, a frota de geradores atingiu a marca de 700 MVA de potência. Para se ter uma ideia, se as mais de 2 mil máquinas estivessem conectadas em paralelo, poderiam alimentar 3,3 milhões de residências brasileiras. “Nossos clientes precisam de energia onde ela não existe, como na mineração, agronegócio, óleo e gás, oferecendo soluções rápidas para segurança energética”, define o executivo ao CanalEnergia, sublinhando que no dia da entrevista haviam chamados em 1.580 localidades pelo país.

O apagão de outubro de 2023 foi o recorde de entrada de solicitações num único dia, totalizando mais de R$ 10 milhões em contratos. Somam-se a esses casos recorrentes na capital paulista, ocorrências climáticas consideráveis como a do Rio Grande do Sul, ou ainda as ondas de calor na Bahia, Espírito Santo e especialmente no Rio de Janeiro. “Ondas de calor são tão cruéis com o sistema elétrico como as tempestades, punindo às vezes até mais o sistema elétrico”, ressalta o executivo.

Empresa já fez mais de 100 entregas de sistemas de armazenamento móveis e que podem ser utilizados para diferentes tipos de aplicações (Tecnogera)

Ele lembra que o Brasil teve momentos em que o ar-condicionado nas grandes cidades chegou a representar 15% de toda demanda, e que os sistemas elétricos de geração de energia distribuída configuram-se como a melhor opção, na sua visão, para oferecer uma resiliência ao sistema de distribuição. E com possibilidades de complementos e hibridizações que serão exploradas mais adiante nesse texto.

Ainda sobre a crise envolvendo a qualidade da energia na capital paulista, Lavieri salienta que alguns clientes chegaram a ficar oito dias sem luz e muitos negócios nunca se recuperaram. Perderam dinheiro e suas cargas, como frigoríficos e fábricas de chocolate. Alguns adotaram depois a prática de ter energia de backup e serviços preparados para essas ocorrências. Tudo devido a problemas das redes elétricas com os eventos climáticos, envelhecimento natural e muita energia intermitente que causam distúrbios. E com a consciência cada vez maior dos consumidores sobre o problema que é ficar sem energia.

Soluções híbridas para eletrificação

Em outra frente do negócio, sob a alcunha de acesso, e que representa 30% atualmente do faturamento, a companhia decidiu inovar ao trazer do exterior plataformas de trabalho em altura para construção civil, manutenção e outros segmentos, eletrificando uma frota de 2.600 grandes equipamentos com baterias de íons de lítio.

“Fomos os primeiros a ter máquinas desse tipo acima de 40 metros de altura, indo agora para 51 metros”, relata o CEO, afirmando que eletrificar uma frota desse porte, como se fosse um prédio de 17 andares, foi uma revolução para os consumidores brasileiros, que estavam acostumados a ter que utilizar combustíveis fósseis nas obras e que em muitos casos tinham dificuldades para uso dentro de um galpão, por exemplo, devido a emissão de CO₂.

Solução estende vida útil das baterias em dez anos. Arthur Lavieri, da Tecnogera

Outra solução disponibilizada são as torres de iluminação para as obras, manutenção e vigilância, com tecnologia LED e funcionando a base de energia solar e armazenamento via íons de lítio. Mas o grande passo da Tecnogera em direção ao futuro é a decisão de unir os negócios de acesso com o de energia, através de sistemas BESS (Battery Energy Storage System) móveis e que podem ser instalados em caminhões para poderem ser empregados em diversas aplicações.

Segundo Arthur Lavieri, a inovação da hibridização está em utilizar as baterias pré-usadas destas máquinas. É como pegar esses componentes de um veículo elétrico e utilizar não mais para uma aplicação de movimentação, mas para geração de energia, colocando-as num nobreak de grande porte. “Assim estende-se a vida útil das baterias, em no mínimo, mais dez anos para além dos oito a dez anos originais”, pontua.

No vídeo abaixo, o executivo resume e comenta mais sobre a entrada e crescimento da Tecnogera nesse negócio do BESS com baterias reutilizadas de plataforma elevatórias. E ao final destaca que a solução foi finalista do APA Awards 2025, premiação internacional do mercado de acesso que aconteceu em março em Dublin, na Irlanda.

Mercado aquecido

Lavieri ressalta que a aceitação do mercado com a solução está muito boa, especialmente nas grandes cidades que precisam de velocidade mas não querem o barulho da geração de energia na frente do seu negócio. Além do tema da descarbonização, com os clientes preferindo ter uma bateria alimentando um grande negócio enquanto resolve-se o problema da rede da concessionária, do que ter um gerador.

“Nossa frota cresceu muito desde 2023, passando de dois caminhões para esse tipo de aplicação para 12, com mais de 100 entregas desses sistemas pelo Brasil, unindo o serviço ao produto”, informa o CEO, indicando que muitos clientes vêm pedindo tanto a solução da bateria como a de um caminhão com um gerador tradicional para garantir a continuidade do serviço. Há casos de proprietários de usinas solares e que precisavam complementar a operação com diesel à noite e que agora podem deixar esse complemento como uma reserva de segurança, “num backup do backup”.

Para Lavieiri, há cada dia que passa o custo das baterias tem ficado mais competitivo, tendo caído mais de 80% nos últimos três anos, com a oferta girando na casa dos US$ 200 o kWh, valor inimaginável em 2022. E que o custo de implementação, a depender de cada tipo de aplicação e característica da conexão (que podem até dobrar o valor), está se aproximando mais em uma média de US$ 200/kWh.

Cerca de 70% da receita da empresa vem do aluguel de geradores e serviços como refrigeração para hospitais, shopping centers ou grandes prédios de escritório (Tecnogera)

“Impressiona a abertura que os clientes têm quando percebem toda vantagem da eletrificação junto a uma camada de serviços, treinamento, entrega, manutenção preventiva, corretiva, entre outros pontos”, sublinha o dirigente, afirmando que esse caminho também chegará na integração com a transmissão e a distribuição de energia.

Com o Brasil beirando pouco mais de 400 MW em baterias, muitas delas conectadas nas redes privadas, o CEO da Tecnogera espera que após o leilão de capacidade, que pode acontecer ainda nesse ano, possa haver um movimento de trazer fabricantes interessados no Brasil, que já tem minas de lítio maravilhosas em operação. “Mas ao mesmo tempo acho vamos ver a eletrificação acelerando ainda mais o uso de baterias móveis em todos os segmentos da indústria”, confia.

No vídeo a seguir, Arthur Lavieri fala mais sobre como enxerga a expansão dos sistemas de armazenamento via baterias para ajudar em problemas do setor elétrico brasileiro, comentando a experiência exitosa de outras regiões e como o leilão será um divisor de águas para o país finalmente entrar no mundo das baterias. Sem esquecer também da subutilização da biomassa e do gás natural em alguns casos.

Questionado sobre o uso de baterias em data centers, ele ressalta desconhecer testes desse tipo no Brasil, mas confirma que é algo que já vem acontecendo no exterior e que a área de engenharia da Tecnogera está de olho nesse assunto. No caso refere que o data center tem um desafio técnico muito superior, não podendo ter interrupção alguma de energia, nem de milissegundos.

“Os geradores são de grande porte, a gás, giram o tempo todo e funcionam em paralelo, com a utilização de sistemas inerciais”, explica Lavieri, indicando que há literatura da Alemanha e Estados Unidos de trabalhos sobre como colocar uma bateria em série com esses centros de processamento de dados.

Expansão nacional

Cobrindo o Brasil inteiro com suas 25 filiais ou a partir de uma rede de 760 parceiros, a Tecnogera administra os diferentes pedidos e os contratos através de um departamento específico, que cuida de toda documentação, verificação de pagamento de imposto, segurança de trabalho, entre outros pontos para as entregas de energia, mesmo em cidades pequenas.

Esse modelo de negócio criado há dez anos pela necessidade de capilaridade em diferentes regiões e porque os clientes têm pressa no atendimento, que geralmente deve ser de no máximo duas horas, avalia as demandas existentes comerciais e industriais. Inclusive com serviços de apoio à rede de pelos menos dez concessionárias de energia no país. Sobretudo em momento de sobrecarga, como no verão e em alguns feriados, ou para grandes períodos de manutenção ou construção de linhas, com equipes de 50 colaboradores.

“Quando unimos os dois negócios, com sinergia comercial das nossas oficinas, aproveitamos para expandir a empresa, saindo de seis para 25 filiais em apenas dois anos”, destaca Arthur Lavieri, projetando a abertura de mais dez representações comerciais até o final do ano, com processos avançados no Ceará e Bahia.

Ao final da conversa com o CanalEnergia, o dirigente lembrou de sua trajetória na companhia, que começou como conselheiro para antes de um ano ser convidado a assumir o posto mais importante. Desde então, ele ressalta que a empresa tem avançado muito em outros temas como governança, conselho, auditoria, num crescimento pujante que deve seguir em seus negócios e que aponta para metas audaciosas para 2025 e em diante visando habilitar ainda mais o uso de fontes renováveis pelos consumidores.

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