Um estudo publicado pelo ministério de Minas e Energia publicou sobre profissões do futuro na área de energia sinaliza que a modernização do setor traz desafios na formação desses profissionais. De acordo com o estudo, as mudanças no setor exigem novas competências profissionais, o que acaba por impactar no campo da educação, pedindo alinhamento entre as novas demandas do setor e a oferta de cursos no país. O estudo está disponível neste  link.

Quanto a oferta atual de formação, o estudo aponta que a maioria dos currículos está defasado, precisando incluir aspectos das redes inteligentes, mobilidade elétrica e armazenamento de energia elétrica, além de uma readequação de forma a torná-lo transversal e multidisciplinar. O Brasil pode fazer como universidade internacionais, em que disciplinas que englobam a área de informática e energia já estão presentes, abordando temas pertinentes ao setor elétrico.

O objetivo do estudo foi sistematizar pesquisa sobre a demanda por formação profissional do setor produtivo e a oferta de qualificação por instituições de ensino com foco em ocupações futuras prioritárias na área de energia. Foram analisadas quatro principais áreas: geração de energias renováveis, redes inteligentes de transmissão e distribuição, mobilidade elétrica, eficiência energética e resposta da demanda.

As novas tendências do setor trazem desdobramentos em perfis necessários, novos e atualizados, sejam eles perfis estruturantes, que tratam de regulação e políticas públicas, modelos de negócios e impacto na rede; perfis de tecnologias; e perfis viabilizadores, que abordam questões de mercado e crescimento, financiamento e fabricação. A área de renováveis, que já vê forte demanda por empregos, deve continuar a puxar o setor. Esses profissionais devem entender as novas interfaces eletrônicas de energia, capacidades de modelagem e simulação e conhecimento dos avanços em comunicação, controle e otimização para mitigar os impactos da variabilidade e incerteza na geração de sistemas de energia, com previsões precisas de geração de energias renováveis descentralizadas necessitando da digitalização.

A parte de resposta de demanda vê a eficiência energética crescer e demandar profissionais. Mas aparecem como entraves a necessidade de políticas públicas para inserção de certas tecnologias, como medidores inteligentes.

Nas redes inteligentes, a forte digitalização vai exigir trabalhadores com especialização em internet das coisas, gêmeos digitais, big data, machine learning, além de automação e cibersegurança. Já na mobilidade elétrica, está prevista uma procura por perfis de especialistas em veículos elétricos, em infraestrutura e instalação de eletropostos e em soluções de mobilidade urbana. O estudo diz ainda que a transformação energética vai fazer com que os profissionais se mantenham atualizados nas suas qualificações e em constantes treinamentos e capacitações.

Segundo Samira Sousa, coordenadora-geral de Eficiência Energética do MME, o Brasil está caminhando para um cenário de maior inserção de energias renováveis intermitentes em sua matriz, o que é necessário e vantajosos. De acordo com ela,  a mudança, alinhada à maior digitalização de diversos setores e ao crescimento de novos mercados, como o da mobilidade elétrica, traz desafios para o setor elétrico, que precisa também se modernizar.  A coordenadora do MME reforça que a atualização precisa se refletir também na formação de novos profissionais., o que reforça a importância do  estudo, por fazer com que as instituições de ensino também contribuam com o avanço.

O estudo foi desenvolvido no âmbito do projeto Sistemas de Energia do Futuro, parceria entre o MME e o Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento da Alemanha por meio da Cooperação Alemã, a GIZ. O projeto se dedica à integração de energias renováveis e de novas tecnologias para a eficiência energética no Brasil, além de promover a troca de experiências entre países.