A agência de avaliação de risco Standard & Poor’s (S&P) rebaixou o perfil de crédito individual da Neoenergia, conhecido pela sigla em inglês SACP, de “bb+” para “bb”. No entanto, a S&P reafirmou a nota de crédito corporativo de longo prazo “BB” na escala global e “brAA-” na escala nacional Brasil da companhia e suas subsidiárias. A perspectiva dos ratings de crédito corporativo permanece negativa.

Segundo a S&P, a revisão do SACP considera que as métricas de crédito da Neoenergia ficarão mais pressionadas, com o resultado da dívida mais alta para financiar o plano de investimentos. “Esperamos que as métricas de crédito da Neoenergia se enfraqueçam além de nossas expectativas anteriores como resultado de seus consideráveis investimentos, enquanto as condições macroeconômicas seguem desafiadoras no país.”

A expectativa é que a empresa invista aproximadamente R$ 3,4 bilhões em 2017 e em torno de R$ 2,5 bilhões nos anos posteriores após a conclusão de seus projetos de geração. A Neoenergia possui grandes vencimentos de principal de dívida – de aproximadamente R$ 3,9 bilhões em 2017 e de R$ 3,6 bilhões em 2018. Entretanto, de acordo com S&P, o grupo tem flexibilidade financeira adequada com acesso aprovado aos mercados de capitais e bancário, incluindo financiamento de longo prazo a taxas atraentes de bancos de desenvolvimento, entre eles Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Em 2016, a Neoenergia apresentou um índice de dívida sobre Ebitda de 3,6x e de geração interna de caixa (FFO) sobre dívida de 20%. No ano passado, a empresa foi capaz de cumprir com suas cláusulas contratuais restritivas (covenants), os quais incluem um patamar máximo de dívida sobre Ebitda de 4,0x, medido trimestralmente.
Contexto macro – Para a S&P, as distribuidoras de energia elétrica são vulneráveis ao enfraquecimento da economia porque isso provoca queda no consumo de eletricidade, levando a sobras de contratos e aumento da inadimplência por parte dos clientes finais. Além de investir em geração de energia, o grupo Neoenergia controla as distribuidoras Coelba (Bahia), Celpe (Pernambuco) e Cosern (Rio Grande do Norte). O segmento de distribuição contribuiu para 75% da geração de caixa (Ebitda) de 2016.
A perspectiva negativa espelha os ratings de crédito soberano do Brasil em moeda estrangeira. “Em nossa visão, o setor de energia elétrico brasileiro é altamente regulado, especialmente os segmentos de distribuição e transmissão, porque o órgão regulador, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), determina as tarifas. Acreditamos que a Neoenergia, como outras entidades de serviços de utilidade pública reguladas no Brasil, pode estar sujeita à interferência governamental em um cenário hipotético de default soberano, incluindo congelamento de tarifas, o que poderia prejudicar a geração de fluxo de caixa da empresa.”
O rating é a nota dada a uma empresa, país, ou operação financeira para medir o risco de crédito. Serve para indicar a capacidade de uma instituição pagar suas dívidas. Os investidores usam essa informação para apoiar decisões na hora de aplicar seu dinheiro.
(Nota da Redação: matéria alterada às 18:03 horas do dia 28 de março de 2017 para adequação do texto no primeiro parágrafo quanto à informação sobre o SACP da empresa)