O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, defendeu a conclusão da usina Angra 3 e a inclusão de novos projetos nucleares no planejamento de expansão de longo prazo. Em nota divulgada na última terça-feira, 22 de janeiro, o MME anunciou que o Plano Nacional de Energia 2030 prevê a construção de quatro a oito usinas, e que essa previsão deve ser incluída no PNE 2050, previsto para ser publicado em breve.

“Três países do mundo – Brasil, Estados Unidos e Rússia – possuem grandes reservas de urânio e dominam a tecnologia nuclear. E eu não entendo como um país como o nosso, de grandezas populacional, territorial e econômica, poderia abrir mão de uma matriz como essa”, sustentou Albuquerque nesta quarta-feira, 23.

No caso da usina de Angra, o projeto começou em governos passados e já foram investidos muitos recursos nele, destacou o ministro. “O que este governo está fazendo é entender a viabilidade econômica para atrair investidores para Angra 3”, justificou.

As obras da usina estão paralisadas desde 2015, após denúncias da Operação Lava Jato. Já foram investidos R$ 12 bilhões, e a previsão do Conselho Nacional de Política Energética é de que serão necessários mais R$ 15,5 bilhões para concluir o empreendimento. No ano passado, uma resolução do CNPE aprovou uma tarifa de referência para Angra 3 de R$ 480/MWh, o dobro da tarifa atual, para permitir a atração de um sócio estratégico que vai financiar a conclusão do empreendimento.

Na nota liberada ontem, o MME defende a aplicação desse valor e afirma que nos últimos anos, “o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) tem sido obrigado a despachar, de forma contínua, usinas térmicas a diesel com tarifas acima de R$ 700/MWh, valor muito superior aos R$ 480/MWh aprovados pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) para Angra 3.”

Na mesma linha, o novo secretário de Planejamento Energético, Reive Barros, explicou hoje que, assim como os preços estabelecidos nos leilões de geração e de transmissão, esse valor pode ter deságio, no processo de licitação para a escolha desse novo parceiro.

Já o ministro não vê riscos de caráter estratégico na entrada de um parceiro estrangeiro na usina, que será operada pela Eletronuclear. Perguntado se veria algum problema para que uma empresa privada explorasse energia nuclear no Brasil, ele disse que vê essa participação com naturalidade, e acredita que no futuro será possível ter empresas explorando a energia nuclear em várias atividades, seja por meio de reatores multipropósito, seja em projetos de dessalinização da água, entre outros. Ponderou que isso demanda mudanças na Constituição, mas essa é uma questão que tem de ser discutida sem pressa.