A Selfit Academias está transformando sua operação para se alinhar a um futuro mais sustentável e a mudança já mostra alguns resultados concretos. Com a migração de parte da rede para o mercado livre de energia e a adoção crescente da energia solar, a empresa atualizou sua projeção de economia para R$ 6 milhões até o fim de 2025. Além de reduzir custos operacionais, a iniciativa também posiciona a marca como referência em responsabilidade ambiental no setor fitness.
Segundo a gerente de eficiência energética da Selfit, Tatianne Portela, a projeção foi baseada em análises comparativas entre os custos médios históricos do mercado cativo e os contratos firmados no mercado livre, considerando também a redução nas faturas proporcionada pela geração solar. “Foram utilizados cenários conservadores e realistas de inflação energética e tarifa de uso. A expectativa para 2026 é manter ou ampliar essa economia, à medida que mais unidades migram e os sistemas solares atingem plena operação”, disse ao CanalEnergia.
Para 2026, a companhia pretende implantar energia solar grid 0 (sem exportação para rede) para trabalhar gerando e consumindo energia ao mesmo tempo, na simultaneidade, na maioria das unidades novas. Todas elas estão nascendo no mercado livre de energia, logo, com mercado livre e energia solar, são unidades híbridas que consomem apenas energia limpa.
Segundo Tatianne, cerca de 57 unidades que estão localizadas em rua já operam no Ambiente de Contratação Livre (ACL), enquanto 2% das unidades usam o modelo de geração distribuída solar. Aproximadamente 85% da economia projetada até 2025 é atribuída ao mercado livre de energia, enquanto cerca de 15% provêm da geração distribuída solar. Essa proporção reflete a maior capilaridade atual do mercado livre no grupo em comparação com uma presença ainda inicial da geração solar.
Dentre essas unidades que operam no ACL, tem-se o modelo varejista junto a um parceiro estratégico e o modelo atacadista no mercado livre, em que a economia varia por tipo de modelo. “Porém, a economia média observada é de aproximadamente R$ 400 mil por mês, até o final de 2025 será em torno de R$ 4,8 milhões dependendo do perfil de consumo e da estratégia de contratação adotada. Além dessas, tem-se quatro que estão no modelo grid zero (em implantação) e três em arrendamento solar”, explicou a executiva.
Ela explicou ao CanalEnergia que o modelo de arrendamento consiste em contratos de locação de longo prazo com empresas especializadas que constroem, operam e mantêm as usinas. “A empresa consome a energia gerada sem necessidade de investimento inicial, pagando uma taxa mensal previamente acordada”.
Segundo Tatianne, a decisão entre arrendamento de usinas ou instalação própria considera fatores como disponibilidade de capital, retorno sobre investimento, tempo de implantação e facilidade de manutenção. “Unidades com espaço e perfil de consumo estável tendem a optar pela instalação própria; já locais menores ou de alto turnover optam pelo arrendamento”, disse.
Com isso, o investimento da companhia foi composto por consultorias especializadas para migração, garantias financeiras contratuais no ACL e infraestrutura mínima de medição. Para a energia solar, os custos envolveram a instalação dos sistemas fotovoltaicos (em modelos próprios ou arrendados). “O valor exato é estratégico, mas o retorno está projetado para ocorrer em até 5 anos”, disse ao CanalEnergia.
Hoje, a capacidade instalada varia por unidade, mas a média é de 75 KWp por academia, com projetos maiores podendo chegar a 200 KWp, dependendo da demanda energética e disponibilidade de área. E o monitoramento é realizado por meio dos sistemas de gestão energética elaborado por um parceiro estratégico de acordo com a necessidade dos clientes, que integram dados de consumo, geração solar, faturas e contratos de energia. Isso permite identificar desvios, otimizar o uso e garantir previsibilidade nos custos.
Desafios
Entre os principais desafios, Tatianne destacou a padronização de infraestrutura elétrica nas unidades, o cumprimento dos prazos de migração para o ACL, a obtenção de licenças para instalação solar e a coordenação com distribuidoras locais.
E além da substituição da energia convencional por energia limpa a companhia já conseguiu reduziu consideravelmente a emissão de CO₂. A estimativa é de cerca de 1.000 toneladas de CO₂ evitadas anualmente, com tendência de aumento à medida que a estratégia avança
Plano ousado
E até 2027, o plano da Selfit é ter 80% da rede operando com energia limpa e alcançar a neutralização total das emissões diretas até 2030. Todas as novas unidades já são inauguradas com sistemas híbridos, combinando contratos no mercado livre com geração solar no modelo grid zero, em que a energia gerada é consumida simultaneamente, sem injeção na rede.
Nordeste e os planos ESG
A escolha do Nordeste como ponto de partida para a expansão sustentável não foi por acaso. A região oferece alta incidência solar, disponibilidade de terrenos e estrutura para projetos fotovoltaicos. “Além disso, trata-se de uma região estratégica para a expansão da rede de academias”, explicou a executiva.
Além do viés ambiental, o projeto fortalece a agenda ESG da Selfit e tem sido bem recebido pelos consumidores. “A estratégia também contribui para a reputação da marca junto aos clientes e investidores”, afirmou Tatianne.
A executiva ainda destacou que a receptividade tem sido positiva, especialmente entre clientes que valorizam práticas sustentáveis. “A comunicação da iniciativa como parte do compromisso ambiental da empresa reforça a conexão com o público”, destacou.
A Selfit também investe na qualificação de sua equipe técnica e busca parceiros estratégicos para acompanhar as inovações do setor, como armazenamento de energia e automação. “Estamos atentos ao futuro e queremos liderar essa transição dentro do nosso setor”, conclui Tatianne.
Novas parcerias
Segundo a gerente de eficiência energética da rede de academias, a empresa está avaliando novas parcerias para ampliar a geração renovável, autoprodução de energia, integrando soluções de eficiência energética e explorando novas tecnologias como armazenamento e gestão de demanda. “Além disso, a Selfit busca um novo parceiro para nova contratação de energia”, disse.
Ela ainda destacou que atualmente há viabilidade de BESS para vários clientes no estado da Bahia e do Pará. “Estamos sempre verificando a viabilidade para aplicação nas academias”.
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