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O grupo francês EREN anunciou sua entrada no mercado brasileiro de biogás por meio da criação da Eren Biogás Brasil (EBB), uma joint venture formada com a IVRI, empresa dedicada ao desenvolvimento de projetos de infraestrutura que reduzem as emissões de carbono no Brasil. A iniciativa marca um novo capítulo da empresa após a venda de sua divisão de energias renováveis para a TotalEnergies, em julho de 2023, por 2,8 bilhões de euros. Com liquidez de 1,5 bilhão de euros, aproximadamente R$ 10 bilhões, o grupo agora mira investimentos em diversas verticais da transição energética, entre elas o biogás.
“Temos uma meta indicativa de construir entre R$ 3 a 4 bilhões em ativos no Brasil nos próximos cinco a sete anos, com recursos próprios e, eventualmente, financiamento bancário”, afirmou Pierre-Emmanuel Moussafir, CEO da EBB e fundador da IVRI.
A Eren Biogás está estruturada para atuar em quatro frentes distintas, conforme o tipo de resíduo orgânico: resíduos da indústria sucroalcooleira, lodos de estações de tratamento de esgoto, resíduos agroindustriais e dejetos animais. A empresa aposta em modelos que integram geração de biometano e CO₂ de origem biológica com a produção de fertilizantes orgânicos a partir do digestato, o resíduo final do processo de biodigestão.
“O negócio de biogás vai muito além da geração de energia. Trata-se de uma economia circular que envolve gestão de resíduos, produção de gases renováveis e fertilizantes de qualidade”, explicou Moussafir.
Segundo o executivo, a cadeia do biogás no Brasil ainda é primária e precisa superar desafios logísticos, técnicos e regulatórios. “Hoje, os bancos têm receio de financiar projetos desse tipo por causa da variabilidade dos resíduos e da instabilidade na produção. É preciso ter um acionista robusto, com capital paciente e know-how, para viabilizar esses investimentos”, disse.
A EBB já está em estágio avançado de desenvolvimento de dois projetos na vertical sucroalcooleira e negocia a aquisição de participação em composteiras para modernizar a gestão de resíduos agroindustriais. A estratégia é evitar competir com operadores locais e, em vez disso, estabelecer parcerias regionais que favoreçam a valorização dos resíduos por meio da produção de biometano e compostos orgânicos.
No longo prazo, a Eren aposta no potencial do Brasil para se tornar uma potência em biometano, com uma capacidade de produção comparável à do pré-sal, segundo Moussafir. “O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo e, portanto, tem uma abundância natural de matéria-prima para o biogás. O desafio é construir a infraestrutura e a logística para escoar essa produção”, afirmou.